10 de janeiro – Comissão Nacional do Diagnóstico Precoce

Número de nascimentos contraria crise e aumenta em 2010

10.01.2011 – 10:48 Por Romana Borja-Santos

Depois de 2009 ter sido um ano negro, com Portugal a atingir um mínimo histórico de nascimentos, em 2010 houve uma recuperação que contrariou as expectativas perante a crise: o número de nascimentos voltou a ficar acima dos 100 mil.

Portugal foi o país da União Europeia onde a taxa bruta de natalidade mais diminuiu desde 1999

Portugal foi o país da União Europeia onde a taxa bruta de natalidade mais diminuiu desde 1999
(Foto: Daniel Rocha/arquivo)

O coordenador da Comissão Nacional do Diagnóstico Precoce, Rui Vaz Osório, relatou à TSF que, no ano passado, o número de nascimentos cresceu, contrariando o decréscimo de 2009 – um ano em que o número de nascimentos ficou abaixo dos 98 mil. O número positivo apanhou de surpresa o também geneticista do Instituto de Genética Médica Jacinto Magalhães (entidade que centraliza as análises do “teste do pezinho”), que admite não ter uma explicação para este resultado positivo.

“Haverá este ano [2010] entre 1900 e 2000 nascimentos a mais do que no ano passado [2009]. Isto são óptimas notícias, que tenho uma certa dificuldade em compreender, tendo em conta o período que vivemos de crise e pressão”, afirmou à mesma rádio. O concelho de Mora, no distrito de Évora, foi um dos que mais contribuiu para este aumento da natalidade, com mais de 31 bebés, um número recorde neste concelho alentejano.

Contudo, apenas quando houver números finais de natalidade e mortalidade será possível apurar o saldo natural (diferença entre os que nascem e os que morrem), que ainda corre o risco de voltar a ser negativo, à semelhança de 2009, quando o número de óbitos superou os nascimentos em perto de 5500. Nesse mesmo ano, o índice sintético de fecundidade (número de filhos por cada mulher em idade fértil) era de 1,32, um dos mais baixos da UE. Já a idade média com que as mulheres tinham o primeiro filho estava nos 28,6 anos.

Portugal entre os países onde a natalidade mais caiu
Apesar da recuperação, olhando para prazos mais latos, Portugal foi o país da União Europeia (UE) onde a taxa bruta de natalidade mais diminuiu desde 1999. É neste sentido que apontam os últimos dados publicados em 2010 pelo Eurostat, o gabinete de estatísticas europeu, que incluem os 27 países da UE e ainda a Islândia, a Suíça e a Noruega. Entre 1999 e 2009, a taxa bruta de natalidade (número de nados-vivos por mil habitantes) decresceu substancialmente em Portugal (19,7 por cento).

Os números do Eurostat indicam ainda que em 2009 Portugal era já o segundo país da UE com a menor taxa bruta de natalidade, a seguir à Alemanha, que lidera a tabela. Pelo contrário, Espanha registou um acentuado crescimento da taxa bruta de natalidade, entre 1999 e 2009.

Para os demógrafos, apesar de a taxa bruta de nascimentos não ser o indicador mais adequado para medir a queda da natalidade – o mais rigoroso é o índice sintético de fecundidade, o número de crianças que cada mulher em idade fértil tem –, ele permite, mesmo assim, perceber que este fenómeno está a ser muito rápido em Portugal. E isso é que pode justificar alguma preocupação.

http://www.publico.pt/Sociedade/numero-de-nascimentos-contraria-crise-e-aumenta-em-2010_1474422